ESPAÇOS DA REPRESENTAÇÃO
No Brasil as apresentações costumam acontecer em um apartamento que funciona como o lugar de residência da personagem de Elisa. Na Argentina foi montado um cenário hiperrrealista, que simula um quarto de hotel, em uma das salas do Centro Latinoamericano de Creación e Investigación Teatral, CELCIT. Na Alemanha as funções podem ser realizadas tanto em uma sala alternativa onde se recriará o ambiente de uma sala de jantar ou da cozinha de uma casa, como em um espaço público como uma sala de aula ou um café (espaços que já disponham mesas e cadeiras).
O texto e a encenação permitem que qualquer uma das apresentações, seja no Brasil, Alemanha ou Argentina, seja realizada em ambientes alternativos aos propostos acima. O espetáculo se adapta às condicções disponíveis porque o eixo são as personagens e suas relações através da internet. A apresentação com a atriz presencial Milena Moraes pode ser realizada em residências, quartos de hotel ou em um camarim de um teatro; a encenação em Buenos Aires, com o ator Juan Lepore,
também pode acontecer em um quarto de hotel real; e a da atriz Amalia Kassai , pode ser realizada em espaços íntimos de uma residência, uma sala de aula, ou espaços públicos com as necessidades adequadas.
Além de oferecer diferentes tipos de experiências aos espectadores, a adaptabilidade dos espaços procura gerar possibilidades de experimentação de linguagem, o que pode facilitar a programação de cada uma das partes da encenação de acordo com as condições do evento e da produção local. Esta flexibilidade está totalmente integrada ao nível dramatúrgico da proposta.
Estes espaços cênicos utilizam a lógica de um teatro ambiental, constituem tanto o espaço da cena como o do público, o que possibilita ao espectador a sensação de total inserção no ambiente das personagens.
A ideia é comprometer o público e buscar uma condição diferenciada de recepção que promova uma experiência íntima com a performance dos atores. No papel de voyeur que pode presenciar conversas íntimas das personagens, os espectadores são convidados a um ambiente de risco assumido pelos intérpretes. Também através de um monitor de 42 polegadas, em que os espectadores acompanham a interação do ator presencial com as outras personagens pela duplicação da imagem do tablet deste, o público é convocado a um olhar também íntimo, mesmo que virtual.
Em cada país o público acessa uma hora em tempo real da vida dessa personagem. Das outras vê apenas o que os atores dos outros espaços permitem através de uma edição instantânea promovida por eles no decorrer da encenação.
